domingo, 18 de março de 2012

Morre o Patriarca de Alexandria e Papa da Igreja Ortodoxa Copta

No dia 17/03/2012 faleceu Nazir Gayed Raphaël, conhecido como Sua Beatitude Shenouda III, o Líder da Igreja Ortodoxa Copta.

Shenouda 3º buscou aliviar as tensões sectárias em suas quatro décadas na chefia da Igreja Ortodoxa do Egito.

Shenouda serviu como o 117º Papa de Alexandria desde novembro de 1971, liderando a comunidade ortodoxa que compõe a maior parte dos cristãos do Egito.

Sobre a Igreja Ortodoxa Copta

O Igreja Ortodoxa Copta, de acordo com a tradição, foi estabelecida pelo apóstolo São Marcos no Egipto em meados do século I (aproximadamente no ano 60 d.C.).

É uma Igreja não-calcedoniana, isto é, uma Igreja cristã que não está em comunhão com a Igreja Ortodoxa nem com a Igreja Católica.

É a Igreja cristã nacional do Egipto (Copta significa egípcio) e uma das igrejas orientais mais antigas do mundo.

Sobre o Miafisismo:

Miafisismo (também chamado de henofisitismo) é uma fórmula cristólogica das igrejas ortodoxas orientais e de várias outras igrejas que aderiram somente aos três primeiros concílios ecumênicos.

O miafisismo afirma que na pessoa una de Jesus Cristo, Divindade e Humanidade estão unidas em uma única ou singular natureza ("physis"), as duas estão unidas sem separação, sem confusão e sem alteração.

Historicamente, cristãos calcedonianos tem considerado o miafisismo em geral como "agradável" numa interpretação ortodoxa, mas eles, de toda forma, percebem o miafisismo dos não calcedonianos como uma forma de monofisismo. As Igrejas não calcedonianas (Ortodoxas orientais) rejeitam esta caracterização.

O termo "miafisismo" surgiu como uma resposta ao nestorianismo. Como este tem as suas raízes na tradição antioqueana e era contraposta à tradição alexandrina, cristãos na Síria e Egito que queriam se distanciar dos extremos do nestorianismo e desejam manter íntegra a sua posição teológica adotaram este termo para expressar sua posição.

A teologia do miafisismo é baseada no entendimento da natureza (em grego: φύσις - physis) de Cristo: divina e humana.

Após navegar entre as doutrinas do docetismo (que afirmava que Cristo apenas "parecia ser" humano) e o adocionismo (que Cristo era um homem que foi escolhido por Deus), a Igreja começou a explorar o mistério da natureza de Cristo com mais profundidade.

Dois pontos de vista em particular causaram controvérsia:
Nestorianismo, que ressaltava a distinção entre o divino e o humano em Cristo de tal forma que parecia serem duas pessoas vivendo num mesmo corpo. Este ponto de vista foi condenado no Primeiro Concílio de Éfeso, provocando o cisma com a Igreja Assíria do Oriente.
Eutiquianismo, que por sua vez salientava a unidade das naturezas de Cristo de tal forma que a divindade consumia completamente a sua humanidade, como um oceano consome um copo de vinagre. Esta visão foi condenada no Concílio de Calcedônia.

Em resposta ao eutiquianismo, este segundo concílio adotou o diafisismo, que claramente distingue entre "pessoa" e "natureza", afirmando que Cristo é uma pessoa em duas naturezas, mas enfatiza que as naturezas são "sem confusão, sem mudança, sem divisão e sem separação".

Os miafisitas rejeitaram esta definição como sendo quase nestoriana e, ao invés disso, aderiram à fórmula proposta por Cirilo de Alexandria, o principal opositor do nestorianismo, que tinha falado de "um [mia] natureza do Verbo de Deus encarnado" (μία φύσις τοῦ θεοῦ λόγου σεσαρκωμένη - "mia physis tou theou logou sesarkōmenē").

A distinção desta posição era de que o Cristo encarnado tinha uma natureza, mas uma natureza que é ainda tanto divina quanto humana, com todas as características de ambas. Embora os miafisitas terem condenado o eutiquianismo, ambos os grupos eram vistos como monofisitas por seus oponentes.

O Concílio de Calcedônia (451 d.C.) é geralmente visto como um divisor de águas para a cristologia entre os calcedonianos, pois nele foi adotado o diafisismo.

Porém, conforme as Igrejas orientais, especialmente as coptas, no Egito, que mantinham o miafisismo, rejeitaram a decisão do concílio, a controvérsia se tornou um enorme problema sócio-político para o Império bizantino.

Houve diversas tentativas de reconciliação entre os campos (incluindo o Henotikon, de 482 d.C.) e o poder mudou de lado várias vezes.

Porém, a decisão de Calcedônia continua o ensinamento oficial da Igreja Ortodoxa, da Igreja Católica e dos protestantes tradicionais (como os luteranos). As Igrejas não calcedonianas ortodoxas são geralmente agrupados sob a Ortodoxia oriental.

Quer saber mais, acesse Wikipedia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...